ANIMAIS NO VESTUÁRIO E DECORAÇÃO

Ao contrário do que possa pensar, não é apenas a indústria do pêlo que é cruel, impiedosa e supérflua. A indústria da pele, também conhecida como indústria dos curtumes, implica também a morte de milhões de vacas e porcos, entre outros animais, para que a pele destes seja usada. Do mesmo modo, a extracção da lã está muito longe de não representar problemas éticos e até a produção de seda é cruel.

AS VERDADEIRAS VÍTIMAS DA MODA

Anualmente, centenas de milhões de coelhos, raposas, martas, chinchilas, guaxinins, furões, esquilos, cães, gatos e outros animais são criados e mantidos em condições miseráveis em jaulas das chamadas “quintas de peles”, estando condenados a uma morte brutal para que as suas peles e pêlo sejam usados em casacos, coletes, relógios, sapatos, malas, brincos e em várias outras peças de roupa e acessórios. Estes animais são as verdadeiras “vítimas da moda”.

Embora cruel e polémica, esta é uma actividade que se desenvolve em todo o mundo.


COMO SÃO MANTIDOS

Os animais criados nas quintas de peles são mantidos em jaulas muito pequenas, muitas vezes em condições de sobrelotação e sempre altamente intensivas, frequentemente expostos aos factores climáticos, ou seja, sem estarem minimamente protegidos do calor ou do frio, da chuva ou mesmo da neve. O facto das jaulas onde passam as suas miseráveis vidas serem espaços exíguos e completamente ausentes de qualquer elemento natural faz com que os animais nestas quintas estejam permanentemente submetidos a uma experiência altamente angustiante, o que os leva a desenvolver distúrbios psicológicos e comportamentais muito graves, entre os quais a repetição consecutiva e obsessiva de certos movimentos, a tentativa de roer ou lamber obsessivamente as grades das jaulas, a auto-mutilação (os animais roem as próprias patas ou a cauda, auto-infligindo ferimentos graves no seu corpo) e o canibalismo (indivíduos da mesma espécie que partilham uma jaula poderão matar e mesmo comer os seus parceiros de cárcere).

A MORTE

Depois de uma vida de sofrimento e angústia, os animais são por fim mortos por métodos absolutamente horríveis e sem serem sequer atordoados ou anestesiados antes. Métodos como a morte por electrocussão anal (que pode ser também vaginal, no caso das fêmeas), por asfixia, afogamento, deslocação cervical (quebra do pescoço), concussão (pancada), envenenamento ou ainda por exposição a gases que provoquem a morte, são métodos permitidos por lei e rotineiramente utilizados por todo o mundo. O objectivo é sempre manter a qualidade e integridade da pele e do pêlo dos animais – que é aquilo que tem o valor económico –, sendo o bem-estar dos animais completamente desconsiderado em todos os momentos. A morte dos animais é sempre um processo violento e cruel, que surge como o culminar de toda uma vida de sofrimento, desconforto e angústia.

PELES? USE SÓ A SUA!

A ANIMAL acredita e defende que, no dever de respeitar os outros animais, inclui-se o dever de não os vermos ou tratarmos como adornos, capturando-os ou criando-os e matando-os para usar as suas peles e pêlo. O facto de coelhos, raposas, martas, coiotes e até cães e gatos terem pelagens belíssimas e serem animais muito bonitos deve fazer com que respeitemos ainda mais esses animais e não que os manipulemos e matemos para podermos enfeitar-nos com o seu pêlo e outras partes dos seus cadáveres.

As descobertas chocantes das recentes investigações em quintas de peles chinesas (Swiss Animal Protection e East International), da criação e morte de cães e de gatos para produção de pêlo novamente na China (Humane Society of the United States e Manfred Karremann) e a exposição crítica mundial do massacre das focaS-bebé no Canadá devem servir para nos dar uma ideia dos horrores a que todos estes animais estão sujeitos apenas para que alguém pareça elegante ou sensual usando o seu pêlo, devendo manter-nos longe desta opção e activos ao educar outras pessoas acerca desta crueldade.

Estas investigações deixaram também claro como muito pêlo vendido – e, por vezes, etiquetado – como pêlo sintético é, na verdade, pêlo de cão, de gato ou de coelho, ou de outros animais, sendo tratado especialmente para parecer pêlo artificial, sendo usado como tal em peças de vestuário, acessórios e até brinquedos (incluindo, ironicamente, brinquedos para gatos). Uma das conclusões destas investigações, incluindo das da ANIMAL em Portugal, é que a origem do pêlo, qualquer que ele seja, é indetectável e que, por vezes, só um exame de DNA poderá permitir saber exactamente se uma peça de pêlo é genuína e a que espécie pertence, ou se é artificial. A ANIMAL acredita que este facto deve levar os consumidores a optarem por não usar também pêlo sintético, pois essa é a opção mais segura para se ter a certeza de que não se está a usar o pêlo de animal algum. Além disso, o único modo de eliminar o gosto mórbido por usar peles e pêlo de outros animais é fazer com que essa moda seja criticada e socialmente mal vista, pelo que a atitude mais pedagógica a ter neste contexto é não usar pêlo artificial (que não é mais do que a simulação de pêlo genuíno retirado de cadáveres de animais), sequer.

Simultaneamente, é fundamental lembrar que também em Portugal existem quintas de peles e que todo o horror desta realidade chocante tem também o nosso país como palco onde este drama terrível se desenrola.

PORTUGAL E A INDÚSTRIA

Em Abril de 2005, uma breve mas esclarecedora investigação da ANIMAL com o semanário “Independente” numa quinta de criação de chinchilas em Peso da Régua – onde, segundo o dono desta quinta, cerca de 500.000 peles de chinchila (logo, 500.000 chinchilas) eram produzidas por ano – levou ao encerramento desta unidade pelos serviços do Ministério da Agricultura e pela GNR. Apesar desta actividade ser infelizmente permitida (e estar regulamentada) por lei em Portugal, esta quinta funcionava sem qualquer licença para o efeito, tendo sido encerrada por essa razão, nunca tendo voltado a funcionar. Nessa quinta, as chinchilas eram mortas por deslocação cervical, como foi declarado pelo seu dono, um método altamente doloroso utilizado para matar animais para aproveitamento do seu pêlo, escolhido exactamente para não danificar o pêlo dos animais, apesar do sofrimento que lhes causa.

Em Outubro de 2006, a ANIMAL desenvolveu uma investigação sem precedentes no mundo secreto da criação e morte de coelhos em Portugal para aproveitamente do seu pêlo. Clique aqui para ver o vídeo “As Verdadeiras Vítimas da Moda”, resultante desta investigação, e aqui para ler o relatório que apresenta mais extensiva e detalhadamente as conclusões desta. A realidade encontrada é chocante e explica, desde logo, como e por que razão o pêlo de coelho é o pêlo mais produzido, comercializado e usado em Portugal e em todo o mundo.

Conheça aqui a nossa investigação: As Verdadeiras Vítimas da Moda

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Pode vir de uma ovelha, de uma cabra ou de um antílope. Pode ser chamada de lã, mohair, shahtoosh ou cashemira. Não interessa o nome, o que interessa é que todo e qualquer tipo de lã vem dos animais e o facto de ficarem sem ela causa-lhes sofrimento.
A Austrália produz cerca de 30% da lã usada no mundo inteiro; esta percentagem corresponde à exploração de mais de 100 milhões de ovelhas que vivem e morrem em condições miseráveis. A ovelha Merinos que é a mais comum neste país, é especificamente criada para ter a pele mais enrugada, de modo a ter mais lá. Esta acumulação anormal de pêlo causa mau estar e muitas vezes a morte a imensas ovelhas, em especial durante os períodos do ano mais quentes. As rugas anti-naturais que têm acumulam urina e humidade; as moscas são atraídas por esta falta de higiene e colocam os seus ovos nas pregas da pele das ovelhas. As larvas que crescem são capazes de comer as ovelhas vivas. Para prevenir este “surto de moscas”, os agricultores executam uma “operação” – o mulesing – em que forçam as ovelhas e ficarem de costas, com as patas todas presas entre barras de metal, e, sem quaisquer analgésicos, fatiam literalmente pedaços de carne dos animais do tamanho de pratos de refeição da zona à volta da cauda. Este procedimento tem a intenção de tornar a pele mais macia e cicatrizada, de modo a que não possa alojar os ovos dos insectos. Irónica e previsivelmente as próprias feridas que resultam desta barbaridade atraem as moscas ainda mais.
Com apenas algumas semanas de vida, as orelhas dos cordeiros são-lhes furadas, as suas caudas são cortadas e os machos são castrados sem anestesia. Todos os anos centenas de cordeiros morrem de fome antes dos oito meses de idade; as ovelhas mais velhas morrem de doenças, falta de abrigo e negligência.
A tortura da tosquia

A maior parte das pessoas acredita que tosquiar as ovelhas ajuda-as, pois de outra forma morrem de calor. Na verdade, sem a interferência humanos, cresceria nas ovelhas apenas a lã de que precisam para se protegerem do frio e do calor extremos.
Os tosquiadores são normalmente pagos, não à hora, mas sim pelo volume que tosquiam, o que os encoraja a trabalharem ainda mais rápido e sem qualquer atenção pelo bem-estar dos animais. No final, muitas vezes as ovelhas ficam com cortes por todo o corpo.

A CASHEMIRA

A cashemira vem das cabras cashemira. As que têm “defeitos” no pêlo normalmente são mortas antes dos dois anos de idade.

ANGORÁ

Os coelhos angorá são presos a um painel para que sejam tosquiados, ao que respondem pontapeando. Inevitavelmente, as tesouras cortam-lhes a carne, o que resulta em feridas e muito sangue. A vida dos angorás nas jaulas é horrível, pois como têm as almofadas das patas muito delicadas, o chão de grades provoca-lhes feridas horríveis e muito dolorosas. Como os machos só têm entre 75 a 80% da lã em comparação com as fêmeas, em muitas quintas são mortos à nascença.

SEDA

A seda é a fibra que os bichos-da-seda enrolam para fazer os seus casulos. Para obter a seda, estes animais são cozidos vivos dentro destes casulos. Qualquer pessoa que já tenha visto o pânico destes animais quando os seus casulos escuros ficam a descoberto, consegue perceber que são animais sensíveis; produzem endorfinas e têm uma resposta física à dor.
A produção de seda causa mortes dolorosas aos insectos
Os chamados bichos-da-seda são, na realidade, insectos “domesticados” que passam por várias metamorfoses ao longo da vida; ovo, larva, crisálida e borboleta. A seda deriva dos casulos, de modo que muitos destes insectos nem sequer chegam a borboletas, uma vez que na indústria da seda são cozidos vivos dentro dos casulos. Aproximadamente 3.000 larvas morrem para que se façam 450 gramas de seda.
As companhias farmacêuticas também têm grande interesse nestes insectos, pois são muito baratos de criar e podem ser modificados geneticamente para produzirem seda que contenha colagénio humano. Estes animais também são geneticamente modificados para produzirem seda colorida e fluorescente.

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